No artigo 75 “Declaração de interesse geral de determinadas obras de irrigação” da Lei 55/1999, de 29 de dezembro, declaram-se de interesse geral as obras da secção a) “Obras de modernização e consolidação dos regadios das Comunidades de Regantes seguintes:" de entre elas está a Comunidade de Regantes de águas do Transvase Tejo-Segura de Librilla (Múrcia).
Em Junho de 2004, a Junta do Governo da Comunidade de Regantes aprovou o início dos procedimentos para a execução das obras de modernização do regadio no seu âmbito, através da construção de várias represas reguladoras e da instalação de redes de distribuição de água sob pressão, automatizada ao nível da parcela.
Posteriormente, foi celebrado um acordo com a Secretaria da Água, Agricultura, Pecuária e Pesca da Região de Múrcia para o apoio ao financiamento das obras, através da realização das obras correspondentes à modernização do regadio no Setor 3, dos quatro setores em que se divide a área irrigável da Comunidade, e do sistema de regulação de volumes do Setor 2.
A rede hidráulica do Setor 2, objeto deste projeto, e a modernização total do Setor 1, serão financiados através da Ordem de Melhoria, Modernização e Consolidação dos Regadios na Região de Múrcia. No que se refere ao Setor 4, a represa de regulação, denominado “Dª Vicenta”, e as restantes obras e instalações de modernização, já foram executadas pela própria Secretaria e encontram-se em pleno funcionamento.
As obras para a execução do presente projeto, apenas se consideram todas as obras e instalações de caráter hidráulico e de fornecimento de energia, necessárias para a modernização do Setor 2, com uma superfície modernizável de 879,5 ha, distribuídas numa Zona de Impulsão de 219,3 ha e 371 parcelas agrupadas em 41 hidrantes e uma zona de gravidade de 660.1789 ha e 868 parcelas em 98 hidrantes, pois as necessárias para a regulação dos volumes são objeto de outro projeto.
As obras foram promovidas a pedido da Comunidade de Regantes de Águas do Transvase Tejo-Segura de Librilla (Múrcia). O projeto foi elaborado pela Water Technologies, sendo a Direção de Obra e a coordenação de segurança a cargo da Moval Agroingenieria, e a execução pela Padelsa Infraestructuras. As obras foram iniciadas em 2018 e têm conclusão prevista para 2020.
A escassez de água que o sudeste espanhol sofre persistentemente e a insuficiente eficiência do atual sistema de rega determinou que a Comunidade de Regantes aprovasse a substituição da rede de acéquias, por outra sob pressão, enterrada, formada por tubagens de diferentes materiais, diâmetros e pressões, que seja capaz de servir em cada propriedade o caudal de água filtrada e medida, necessário ao bom funcionamento da irrigação por gotejamento que será instalada em cada uma delas.
A instalação partirá em cada Setor de uma represa de regulação, que no Setor 2 foi objeto de projeto autónomo realizado e financiado pela referida Secretaria, que será abastecido a partir das correspondentes entradas automatizadas do Canal do TTS.
O seu âmbito situa-se inteiramente no município de Librilla (Múrcia).
A irrigação antes da execução das obras era por inundação em 45% da superfície irrigável e era organizada a partir de cinco entradas no Canal do TTS. A água vertia nos canais que, variando de secção, constituíam uma rede de acéquias que conduziam a água a cada uma das parcelas. Os outros 55% possuem sistemas de irrigação de alta frequência instalados, com ponto de partida de uma represa privada, onde recolhiam a água correspondente a cada turno de irrigação.
O objetivo da obra passa por otimizar a utilização dos recursos atualmente disponíveis, aumentar a capacidade de regulação sazonal, otimizar as infraestruturas de abastecimento de água e energia, de forma a reduzir os custos de impulsão, garantir o abastecimento de água na parcela e automatizar e informatizar as infraestruturas hidráulicas, facilitando o controlo do consumo e a gestão administrativa da água.
Para o cálculo das necessidades de água, é considerada representativa da área irrigável uma plantação adulta de limoeiros, formada em 60/40 pelas variedades Verna e Fino. O diâmetro provável do bulbo, dada a textura do solo, foi estimado em 1,37 m, o que significa uma área molhada por emissor de 1,47 m2. Com uma disposição de 8 emissores de 4 l/h por árvore, considerando um âmbito de plantação de 5,5x5,5, obtém-se uma percentagem de solo molhado de 35%. Desta forma, foi deduzido um módulo de irrigação de 1,057 l/m2h e assim deduz-se que é conveniente fazer 3 turnos diários de irrigação para cada Zona de cada Setor, e se a JER for de 18 horas, serão 6 horas por turno.
No total são 8.802.300 m3/ano. Este valor é constituído pela dotação que a CR do Transvase Tejo-Segura possui, as escorrências recolhidas na Barragem de la Rambla, as correspondentes à concessão de águas residuais depuradas da ETAR de Librilla e as águas subterrâneas procedentes de alguns poços.
As parcelas situadas numa faixa de aproximadamente 50 m abaixo da cota média de cada represa necessitam do fornecimento de energia para o sistema de irrigação para o seu bom funcionamento. Portanto, o setor foi dividido em duas zonas, uma que funcionará por impulsão e outra por gravidade.
Para cada setor de irrigação, existe uma represa reguladora que será abastecida de forma independente desde o Canal através da correspondente entrada. Neste setor a represa é objeto de outro projeto e foi realizada diretamente pela Secretaria da Água, Agricultura, Pecuária e Pesca da Região de Múrcia.
BOMBEAMENTO: duas unidades de impulsão:
- Turno 1 caudal de 743,719 m3/h numa altura manométrica de 69,65 m.c.a, para o qual se consegue uma eficiência mínima de 79,5% com um equipamento composto por três unidades de motobomba centrífugas horizontais colocadas em paralelo, com um motor elétrico de uma potência nominal de 92,5 kW a 1.450 rpm e 400 V de tensão.
- Turnos 2 e 3 será instalado um equipamento formado por três grupos motobomba em paralelo com uma potência nominal de 55 kW a 1.450 rpm e 400 V, que responde aos requisitos de caudais e alturas manométricas com um rendimento mínimo de 82%.
Dois dos grupos motobomba de cada equipamento serão fornecidos com um variador de frequência e o outro com um modulador de frequência variável capaz de fazer o mesmo a partir da corrente contínua da energia solar fotovoltaica.
Equipamento de filtragem: formado por 2 baterias de 24 unidades cada um dos filtros autolimpantes dos anéis de 3" com passagem de 100 mícrones, ou sistema equivalente que deverá manter uma superfície filtrante de 24,24 m2, tudo isso em coletores de polipropileno de PN10 e 300 mm de diâmetro ou de material igual ou melhor fiabilidade.
Edifício da estação de bombeamento: as bombas e o equipamento de filtragem ficarão alojados num edifício com estrutura metálica de 25x10 metros, cerramento vertical com painel exposto prefabricado de betão armado e cobertura metálica tipo sanduíche.
Fornecimento de energia: o fornecimento de energia de rede para a estação será feito com uma linha aérea de média tensão de 312,2 metros, uma linha subterrânea de média tensão de entrada para o centro de transformação do tipo intempérie compacto (CTIC), com potência de 400 KVA, e instalação de baixa tensão. O fornecimento de energia solar fotovoltaica será feito a partir de uma instalação isolada de solo de 594 painéis de 300 Wp, com uma potência de 178,2 kWp, que poderá fornecer anualmente 257.570,2 kWh/ano com uma aproveitamento de 54,7% da produção total anual, sobre a energia a pagar se toda ela viesse da rede. A instalação também terá um sistema para armazenar energia com baterias de tipo estacionário, com capacidade para entregar 450 kWh/dia.
Redes hidráulicas:
- Rede de distribuição ramificada da Zona de Impulsão de 8.190,2 m de comprimento e diâmetros compreendidos entre 400 mm e 90 mm, no PVC-O série 500 e PEAD (PE-100).
- Rede de distribuição da Zona de Gravidade de 21.778,35 m de comprimento e diâmetros desde 800 mm a 90 mm, com os seguintes materiais: PVC-O série 500 e PEAD (PE-100).
- Conexões: são projetadas em polietileno de alta densidade (PEAD ou PE100).
- Hidrantes coletivos e individuais: serão instalados 41 na zona de impulsão e 98 na zona de gravidade. Serão um total de 371 na zona de impulsão e 868 na zona de gravidade.
- Tubagens terciárias: serão responsáveis por transportar a água de cada hidrante individual até cada parcela ou propriedade. São projetadas em PEAD com diâmetros compreendidos entre 32 mm e 250 mm e um comprimento aproximado de 179 km.
Estação de filtragem. A estação de filtragem será composta por 4 baterias de 32 unidades de filtros de anéis autolimpante de 3” com uma passagem de 100 mícrones, que deverão manter a superfície filtrante de 64,64 m2 e incluirá um depósito de recuperação de água de lavagem para a sua posterior injeção na entrada da filtragem, através de uma bomba elétrica de impulsão. O fornecimento elétrico para esta estação de filtragem será feito através de uma instalação solar fotovoltaica de cobertura isolada, composta por 40 painéis de 300 Wp e uma potência de 12 kWp.
Tubagem de trasfega entre a represa de regulação do setor deste projeto e a do setor 1, com um comprimento de 1.924,50 m de, composta por tubos de PVC-O de 400 mm de diâmetro PN12,5.
Automatização: serão utilizadas unidades remotas para o controlo de hidrantes e válvulas, que comunicarão com unidades concentradoras (uma na zona de impulsão e outra na zona de gravidade) via rádio.